Textos poéticos/contos/crônicas todas terças, quintas e sábados... ou quando a inspiração mandar...

domingo, 31 de janeiro de 2016

Além da Tempestade dos Dias






Ainda estou a procurar meu lugar nesse mundo, pois todos em geral me escantearam em qualquer lugar

Não é fácil se manter de pé em meio a tantas ondas violentas e correntezas incontroláveis
A altura da queda é de causar pânico quando não se tem um paraquedas ou uma proteção abaixo
O abismo é viciante e chamativo, mas só pula nele quem gosta de ver o sangue nos pés

Haverá um dia em que todos os credos apostólicos, todas as rezas e Pai Nossos
só valerão quando os que oraram entenderam e aprenderam eles invés de apenas os recitar repetidamente decorados
Haverá um dia em que todas as placas, denominações, vertentes e linhas teológicas
só serão uma, universal, indivisível, a que será um rio que emana direto de um Trono Superior
Haverá um dia, sim haverá
em que a palavra "religião" não será sinônimo de instituição, nem de divisões de corações soberbos
Haverá um dia em que ela voltará a significar "ponte de ligação" entre nós e o Eterno

Crer nessa vida em que se doar vale mais do que ter, do que obter, do que subverter e submeter
Não para curar carmas, não para conquistar nirvanas, salvações ou pagar nenhum preço de purgatório
Mas simplesmente pelo amor igual àquele do Rei que sem coroa humana se doou por completo
por quem jamais mereceu, desejou, almejou, lutou por isso, por quem nunca até então O amou

Quebrar preconceitos, conceitos, preceitos, auto-confianças, certezas "absolutas", religiosidades vãs
Não é fácil se manter de pé em meio a tantas pedradas, cuspidas, açoites, espancamentos de palavras
Ser todo dia chamado de louco, fora de si, esmagado por pecadores e por santos "até demais da conta"
Vale a pena, pensando bem
Eu sei em quem creio. Eu sei porque creio. Eu sei o quanto é importante continuar de pé
E ver outros nessa tempestade desejarem também se firmarem numa Rocha Inabalável.

sábado, 30 de janeiro de 2016

Seis Centavos Não Deixam Ninguém Rico


A verdade é que não desisto daquilo que eu anseio, nem de quem eu amo
Quem desiste nunca quis, nunca amou o que dizia querer ou dizia amar
Enquanto isso alguns se orgulham dos seus 99% perfeito e aquele 1% vagabundo
A liberdade que me oferecem é um veneno, um ácido, devorador do meu sonhar

Há pessoas nesse mundo que é difícil investir sequer um real de papel
Muitos sorrisos não me fazem sorrir, o choro é livre, leve e solto pra mim
Não me divirto com pessoas que estão se dilacerando, se dividindo
Auto-flagelamento não é uma saída alegre no geral enfim

Desejos suicidas estão com fome, que sua inanição seja ad eternum
Só alimenta o que não nos serve quem gosta de se machucar
Não nasci para ser uma semente solitária e assim ficar para sempre
Eu acredito em mim, hei de viver feliz, e felicidade contigo a compartilhar

Eu sei que não sou perfeito, eu não esqueço disso, mas quero me completar
Vai que minha peça restante nesse quebra-cabeças é você e ninguém mais
Nesse mundo em que ser contra as coisas erradas é "ser preconceituoso"
Meu conceito e preceito é alguém que nesse ponto seja como eu, na guerra ou na paz

Oh Senhor, eu quero sentir apenas o sopro dessa sua criação mais-que-perfeita chamada amor
Fazendo os dias mais frios de tempestade serem inundados de calor e harmonia
Um lugar mais ameno para descansarmos nossos olhos e ouvidos de tanta tristeza ao nosso redor
E onde eu e você seremos cada dia mais melhores juntos inseparáveis, dia após dia

"Kiss me
Beneath the Milky Twilight
Lead me
Out on the moonlit floor
Lift your open hand
Strike up the band and
Make the fireflies dance
Silver moon sparkling
So, kiss me"

quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

"Sobre essa Petra edificarei Minha Igreja"


Agradar homens e mulheres, uma simplicidade viciante, doce e perigosa
Pois já diria o mestre Augusto, essas mãos delicadas que nos afagam podem um dia nos apedrejar
"Don't wanna be a manpleaser - I wanna be a Godpleaser"
Agradar ao Senhor de todos é muito mais recompensador, ainda que por vezes não pareça nem um pouco
Suas riquezas da terra Ele dará na medida precisa e além muito além no infinito céu lindo céu

Pra muitos é pura fantasia, piração, alienação, viagem no LSD
Mas o melhor é que essa overdose não mata, na verdade dá vida eterna jorrando de mim
E de você também, baby
Vamos juntos dançar nesse palco o eterno ciclo da vida rumo a mais eterna de todas
Mostrar aos olhos vazios desse mundo o amor de Deus
Que alimenta Espírito, Alma e Corpo, revigora todas as forças, no pão nosso de cada dia

Sem mais nenhum grande amigo quebrando a aliança, sem beijos de Judas Iscariotes
Sem nenhum "Anjo de Luz" que apenas trouxe escuridão às nossas almas
Sem nenhum camaleão, nunca mais, nenhum Jekkyl virando Hyde, nenhum médico virando monstro

Pelas janelas coloridas que vejo pelo mundo enquanto percorro a estrada de Sião
Clamo "mais força para mim e para quem comigo está, Senhor"
Caminhando não por vista entre as montanhas e vales queimando o óleo da meia-noite firme
E cantando "God gave rock'n roll to you... gave rock'n roll to you... put in the soul of everyone!"
O amor sabe quando sair e chegar, e sabe o que dizer e o que não deve dizer
Afinal, o amor está coberto do amor do Filho do Homem
E esse amor mostrará ao mundo que o Filho do amor está vindo!

Basta estender a sua mão a Ele... ele restaurará nossos corações quebrados
Pois agora podemos entrar pelas portas santas com danças ao Rei da Glória que está vindo
"Quem é este Rei da glória? O Senhor todo-poderoso nas batalhas"

"Sem dúvidas que vai dar tudo certo
Com Deus tudo coopera para o bem
Sem dúvidas que no fim tudo será entendido
Sem dúvida tudo vai ser resolver"

É apenas uma questão de tempo, e veremos que valeu a pena continuar a acreditar no amanhã de sol
Pois nenhuma arma forjada contra nós poderia prosperar, o Rei dos Reis e Senhor dos Senhores é por nós

Eu acredito n'Ele, Deus Pai criador dos céus e terra
e em Jesus Cristo, seu filho unigênito, nascido homem de uma virgem
Sofredor que tomou nossas iniquidades numa cruz vulgar e maldita entre dois ladrões
mas também creio que Ele ressuscitou no glorioso Terceiro Dia
Deixando para trás um túmulo vazio, uma pedra enorme rolada fora, e todos os cativos libertos
Ele voltou para o Pai para preparar um lugar para nós, mas nos deixou o Santo Espírito
Aquele que nos revela, convence e consola
E um dia o Senhor voltará, não sei quando, mas sei que está próximo
E nos levará para com Ele morar para sempre
E julgará todos, grandes e pequenos, alguns para a morte, alguns para Sua Vida Eterna
Alguns receberão seu salário cruel, outros, entre os quais eu e você, cantaremos para sempre a Ele

Esse dia se aproxima, onde o ladrão de túmulos virá a me resgatar
e a morte finalmente morrerá... onde estará o aguilhão dela agora?
Como estranhos, aliens, assim nós não somos desse mundo
e um dia estaremos ante o Trono Eterno do nosso Rei para o adorar
"This is my creed... Though persecuted, it will last
And I will hold steadfast to this creed"

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

João Dias Ferreira Netto


Eu já fui o filho que meus pais biológicos não queriam ter
(E só Deus sabe o porquê não me abortaram, só pra escrever esse poema pra você)
Eu virei o filho que uma outra família sempre quis ter e não pode
Até que eu cheguei lá e de lá não larguei nunca mais
O Netto com dois "T" que meu avô, que Deus o tenha, sempre quis pôr nos braços

Já fui o garotinho cheio de doenças chatinhas ao extremo
Anemia, Rinite, Adenoidite, Bronquite, Asma
(Afora um pé direito troncho que até hoje me acompanha
uma sinusite que me incomoda
e um dos ouvidos ouve bem menos do que eu gostaria)

Já tive problemas de alergia, pó, poeira, pelo, chocolate,
bacon, porco, até leite de vaca
(Carne de coelho e leite de cabra viraram meu alimento
- E hoje em dia eu detesto ambos, urgh!)

Já fui o garoto que chorava muito:
- Porque meu pai ia viajar;
- Porque os garotos do colégio me zoavam;
- Porque minha mãe brigava com minhas bobagens.
Mas no fim sempre sorria, porque painho e mainha sempre me amaram
E isso me fazia desde pequeno ser um garoto que sonhava em casar um dia

Já fui o garoto prodígio do colégio
Os meninos e os professores e as professoras e muito mais amavam como eu era inteligente
Aplicado, nerd, CDF, seja lá o nome que você quiser dar
Que sonhava em ser marinheiro, cientista, biólogo, paleontólogo, até decidir ser historiador
Professor de história e contador de estórias...
Igual àquelas que meu velho pai contava na boleia do caminhão
Super-João, Capitão Folha, Capitão Falcon
Quantos heróis eu tentei ser no meu quarto, no apartamento, ou no meu quarto antigo, na minha casa

Já fui o menino que odiava bebida
Porque via o quanto fazia minha mainha ficar pra baixo
e meu painho ficar bem fora de si
(Até hoje odeio...
... Tá, um vinho de vez em quando não mata ninguém)

Já fui uma criança chateada pela separação dos meus pais
Nada é tão duro quanto isso, podes crer!
Me fez virar duro, irritadiço, decepcionado com Deus ou quaisquer outros deuses que nos ofertaram
Diversas entradas, nenhuma saída
O materialismo ateu poderia ser a solução pro jovem pré-adolescente

Até que virei um garoto que ouviu numa canção:
"Não posso viver longe de Você, não posso ficar sem Tua Luz
Eu quero dizer que amo só Você Jesus"
Acabei virando o garoto que decidiu por mudar de vida
Uma mudança que se ele soubesse, quase dezoito anos, quão dura seria
Não sei o quão profundamente ele iria querer encarar

Porque já de primeira virei sei lá porque o sexto pior aluno da sala
Um dos arruaceiros, nada parecido com os heróis que eu sonhei em ser
Uma paródia de mim mesmo que eu decidi largar
E consegui, para logo virar o melhor da sala novamente, amém

Virei pouco depois fã de música incondicional
Não a toa pouco depois viraria poeta também
A princípio um músico qualquer queria eu ser, mas pouco depois as primeiras bandas e projetos
Tentativas frustradas de ser um rockstar gospel

Deixei por um tempo de ser olindense e virei recifense
Mas não diria que foram bons tempos, talvez, esses que virei
Luta complicada era todo santo dia, eu e mainha sabíamos o quanto
Por outro lado, virei gay, viado, fresco, otário; Claro, virei tudo isso para os que não entendiam meu eu
Nem meu desejo de continuar me guardando até alguém que mereça ter a mim por completo
(Desejo esse que não acabou - eu o mantenho até hoje e o manterei o quanto eu puder)

Um dia virei o jogo dos tempos em que vivia perdido em um evangelho qualquer e que só pensava em dinheiro, bênçãos passageiras e eu mesmo
Eu conheci o Sola Scriptura, a mudança real de pensar, o Metanoya real
E decidi virar um tudo um pouco do que o Senhor quisesse pra mim:
Líder de evangelismo, de célula, músico, ator de teatro, recepcionista, técnico de som e imagem
O que for necessário, se dispor a ser

Mas também foi nesse tempo em que virei universitário (ou universotário?)
E descobri que a vida de faculdade não eram as flores que eu pensei.
Igual minhas primeiras paixões... ou seriam grande parte delas?
Em quase todas, decepções, desprezos e coisas que me fizeram desistir
Até quando parecia dar certo, o iceberg lá na frente perfurava nosso navio
E os meus irmãos, por motivos que sei lá porque
Começaram a dizer que eu tinha virado satanista, que eu andava com pessoas erradas
Ainda que eu tenha sobrevivido de pé e muitos deles não

Virei assim um ser confuso
Quantas vezes não fui depressivo, autodepreciativo e, acredite, cafajeste as vezes
Duro de coração, sem sentimento, teimoso, insatisfeito

Ainda bem que eu não quis continuar assim

Meus poemas, que a muito tinham sumido, me refizeram poeta
Me refizeram um ser apaixonante (diga você mesma por você) e apaixonável
Me refizeram um ser de esperança firme, um cantor feliz do amor Eterno
Me refizeram um filho Seu, mais um

É isso que eu fui, eu era... e o que sou
O que serei, só Deus sabe após esses versos
Mas sei que serão lutas...
... mas serão futuras vitórias - e se derrotas vierem, serão por culpa minha, erro tolo de direção
Eu só gostaria é de poder ter certeza
que seja lá o que eu vier a ser
que eu seja contigo, como tiver de ser, seremos, sejamos
Até o ponto final.

domingo, 24 de janeiro de 2016

Cálice de Ódio

 

Um câncer consumindo minhas veias
Amor desprezado mal curado que virou
Um ódio malcriado e afobado
Me devora e me faz bem, mas heim?

Viciante veneno consumido por mim
Me desfaz e destrói também
Mas eu gosto, socorro
Me tirem desse funil
Pois ele é bom dms
Mas é pior que eu
Mais forte que eu
Mais que eu
Eu morro
Mas não
Largo
esse
mal
de
m
i
m


Senhor, me ajude, me liberta
Alguns preferem apenas me julgar, dizer o que sou, mas nunca fui
Determinar por meus maus momentos que sou um monstro
O veredicto é certo, mas incertamente incorreto e inverossímil
Meu ódio é talvez infantil, vá lá, você dirá
Mas atos infantis as vezes veem como respostas a infantilidades alheias

Eu estou cansado>
O ódio do mundo, o ódio do meu coração
Nada disso junto vale um centavo sequer

Que o Senhor me faça mais forte que eu mesmo
Que me faça mais fraco para Ele fortalecer a Si em mim
Para que esse tumor odioso seja removido de mim para sempre
E esse cálice eu não beba nunca mais
E só possa em mim reinar amor para dar em todo lugar
Amor por mim, por vc que me lê, por quem nem sabe ler
Amor ao Criador do Amor, Amor ao Amor Vivo

"O ódio é o veneno que tomamos e esperamos que o outro morra".
- Autor Desconhecido


sábado, 23 de janeiro de 2016

De volta ao velho pomar



Beleza, feiura, Duas-Caras, cara e coroa
A Bela pode também ser a Fera, e vice-versa
Jekkyl and Hyde, Sapo-Príncipe, um ogro cavalheiro
Tudo depende de seu ponto de vista
Ou de sua miopia, hipermetropia, astigmatismo, estrabismo, daltonismo
A visão engana muito, o espelho e o Photoshop também

Ainda caço aquela beleza que nem a aquarela pode pintar, nem a câmera fotográfica capturar
Aquela que vive num cantinho da alma descansando em seu quarto
Mas que acorda e desabrocha quando menos a gente espera ante nós
Com suas palavras verdadeiras, mansas, suaves e doces e seus atos de virtude
Procuro dentro de mim, procuro em você essa semente fértil
que só trará frutos com muita doçura para do seu suco sorver e se alimentar

Diz pra mim que existe em você um cantinho para esse pomar
Os outros não querem mais procurar, mas eu não sou de me entregar
Fora do Éden a gente ficou tão perdido, tão fora do lugar
Insanos fugimos da fé e procuramos abrigos em casas de telhados furados, não no nosso lar

Por que a gente continua sendo assim? Procurando belezas passageiras em cidades estrangeiras
Ignorando que a beleza eterna que outrora não sabíamos achar está do nosso lado
No abrir e descortinar da manhã, no sorrir das crianças no parquinho
no nascimento de uma nova vida, o choro da novidade no ar
Num beijo sincero do amor que quero por você pra sempre doar
Numa cruz vulgar em algum lugar que deixamos pra lá num livro a se empoeirar
Por que a gente é assim? Por quê?

Vamos
Mudar
Enquanto
Ainda
Temos
Respirar

Vamos voltar para o nosso pomar que nunca morreu, só ficou lá a nos esperar...

Colonizadores de Marte, Fugitivos da Terra


Àqueles dias em que vc se sente um cover de si mesmo
Tudo de novo que eu faço parece imitação do que já fiz
Ou são as notícias de última hora que já saíram no mês passado

Estou cheio de mim, queria me esvaziar um pouco nesses versos
Para me encher de novidades reais para mim
Me encher de você, de tudo que você é, respirar novos ares
Estou a dois passos do paraíso, mas não tem o que ver lá
Queria estar a dois passos, um passo, do seu lado, com você

"Nesta era de grandes ilusões você veio para minha vida fora dos meus sonhos
Doce nome, você nasceu mais uma vez por mim
Doce nome, você nasceu mais uma vez por mim
Oh doce nome, eu te chamo mais uma vez, você nasceu mais uma vez por mim"

Estouram fogos de artifício, mas ainda não sei como comemorar
Pois continuo no tédio do dia-a-dia, todo dia vivendo e morrendo sem você
Os reis do camarote se divertem como reis do nada e riem enquanto você sofre
Se eu tivesse uma espaçonave com suprimentos pra Marte te levaria comigo pra lá
Porque aqui já deu o que tinha de dar... e ninguém quer mais se doar.

Lista de coisas que levaria comigo:

1 - Um tubo de oxigênio;
2 - Várias plantas para fazer uma fotossíntese e renovar o oxigênio de lá;
3 - Dois colchonetes (que eu iria costurar em um só, se desse);
4 - Alguns coqueiros que dão coco para beber doce água e amarrar minha rede;
5 - A rede em questão;
6 - Um telescópio para ver de perto as noites claras de duplo luar de Marte;
7 - Alguns livros de Veríssimo, de Carlos Drummond e até do Chico Anysio;
8 - Um computador e um HD cheio de canções belas da terra;
9 - Você, porque sozinho lá seria tão vazio.

Mas é uma pena que é uma viagem impossível, talvez
Mas um mundo novo só da gente, é possível sim

"Oh não, amor! você não esta só
Você está se observando de forma tão injusta
Sua cabeça está confusa, mas se eu pudesse fazer você se importar
Oh não, amor! você não está só"

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Morte Diária às Quatro e Vinte da Manhã



Christiane F. voltou, mais drogada e prostituída que nunca
A heroína dos dias atuais invés de salvar te manda pro inferno de Kurt Cobain
Meus amigos receberam um beijo da overdose, outros, o abraço da arma do traficante
Desconectado da vida desconexa em busca de um algo pra se ligar
Desligando a mente somente nas mentiras de uma viagem sem volta nem rumo

Queria estar limpo de novo, mas a mente suja sugere mais uma dose desse veneno
Meus heróis beberam sua kryptonita e foram conhecer um novo, porém não bom, mundo
Imundo alienígena que te ilude com uma viagem em seu disco voador
A dor voa e cruza os céus em psicodélica chuva ácida a corroer meu pensamento
Liberdade dentro da cabeça prisioneira de seu vácuo, sua oficina do diabo

420 miligramas de esperanças frustradas, alguns ml de etílica depressão
Parece natural, uma saída fácil, um escape, um "cala a boca" na sociedade
E sua boca acaba sendo calada pela larica, pela ressaca, pela abstinência
Algemados nós corremos sem freio para nadar com os tubarões desfiladeiro abaixo
"Esse poema é tão retrógrado, só pode ser coisa de crentelho babaca"

O raio da esquizofrenia cai e deixa sua marca, sua cicatriz, em meu rosto sofrido
1913-1938-197?, até onde vai essa loucura tão insólita, garoto insano?
Se alimenta com seus olhos de lixo tóxico, em suas veias fluidos de morte
The Walking Dead com zumbis criados pelo consumo que consumiu seus miolos
Estão a correr atrás de cada um de nós para nos devorar também

O sangue verde do demônio corre nas veias dos parasitas da sociedade
É o Ragnarok, a morte de todos os humanos que supostamente se deificaram
O sinal vermelho de alerta e a ceifadora chamada morte veio te buscar
E quiçá esse poema torne-se seu epitáfio infeliz e cruel
De um desperdício jogado pela janela por uma morte diária às quatro e vinte





terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Transmissão Interplanetária (Meu coração para o seu)


A Lad Insane... um cara louco...
Assim me definem eu e toda a multidão ao meu redor
Na espera e costeira de uma paixão ou re-ilusão
Os furacões têm nomes de mulheres, talvez seja um prelúdio, não sei, do que viveria eu
Arrasem com a minha cidade, tão orgulhosa, em seu lugar alto desabar
O centro do mundo acabou de se deslocar de mim pra você
O Polo Norte que minha bússola pirou para me jogar até aí

Insanazul da cor do céu e do mar que não para de me jogar com suas ondas para beijar as pedras da costa
Sem freio de mão desço ladeira abaixo. Esqueço de ligar para o resgate me carregar
Ou ao menos dos meus pedaços que sobrarem tentar fazer algum novo eu
Me reinventar, não como um camaleão, mas criar novas cores no planeta, um novo arco-íris
João-Teimoso, João-Ninguém, João-Sem-Terra, João-Alguém, João-Pessoa, Eu
A tela azul da morte ainda não foi o suficiente pra calar minha voz inflexível

Nenhum de Nós contou as Rotações por Minuto que persistimos em nos prender
Nas décadas que nos separam, não impediram de um dia nos colarem em novidades antigas
Eu não valorizo a beleza Playboy, ainda que tantas valorizem a beleza Capricho
Tchans e Afãs, os fãs dessas tão míseras ilusões infestam a sociedade
Centopeias humanas? Espero estar fora dessa experiência insana auto-induzida
Eu prefiro derrubar os muros de Berlim e do outro lado te encontrar, mylady

"Eu, eu serei rei
E você, você será rainha
Embora nada os afaste
Nós podemos ser heróis, apenas por um dia"

Eu olho-me no espelho, e o que mais mudou em mim ele se recusa a mostrar
No fundo, além do reflexo talvez esteja tudo no mesmo lugar, sei lá
Esqueceram de avisar que meu tempo é contado, até meus poemas são adiantados
Podem ser meu epitáfio, pode ser meu testamento da minha ausência de bens
Bem-me-quer, mal-me-quer, nem eu me quero bem dizer, nem bem nem mal

Minhas fotos são o atestado de uma felicidade que talvez seja do tamanho do próximo verso:
.

(E ninguém faz nenhuma questão de me ajudar a me livrar desse ponto final minúsculo que me limita)

A razia, o saque, a pilhagem, pirataria, corsários e bucaneiros
No meu castelo não deixaram nem restos nem rastros de meu tesouro guardado pra você
Continuam a constantemente me deixar vazio, somente o lamento do meu ex-ser
Como um Conde de Monte Cristo sem honra, aprisionado à traição
Fazer pouco caso de mim é desse circo dos horrores a nova atração

Infiro os meus desejos mais ardentes e fluentes
Negligencio todo Super Bonder usado para consertar-me em todas as caras quebradas
Grito para o Sistema Solar, vai que nesse vácuo alguém de algum jeito me ouve
Repito todos os pedidos de amor e carinho que guardei naquele armário esquecido lá no porão
Insisto nesse ideal, o de conquistar a você, ao te encontrar me encontrar também por aí
Defiro minha sentença: Morte por não parar com o anseio do tal do amar

E nem todos conseguem ler bem a quem eu acabei por me ingressar nessa viagem insólita
Não chamei mesmo nenhum intérprete para aporrinhar-me ou me adequar em regras
A regra que mais desejo me encaixar me guia pra seu compartimento secreto
O coração pulsante e o pulsar do quasar que rebrilha no seu olhar
Quando me ouve, quando me lê, quando me descobre, retira meus lençóis e vendas


Me possua, sem direito de devolução
Afinal, também não penso em algum dia te lançar de mão

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Sexteto de Doces


Quem ama e entende porque se ama, até o ódio ele paga com amor
Canções de 1998/1999 que relembram quando as rádios traziam esperança
Ao invés de decepções, maldições, promessas vãs, enrolações e imundícies
Me faz ter vontade de te chamar de querida, sim, de montão
O anseio de sentir lábios amorosos e abraços calorosos
Amor maior que o de amigo ou irmão, daquele que se aprende a cada capítulo

2016, e ainda há quem tente ser mais famoso que Jesus Cristo
Como ensinar sobre Deus ser nosso Pai, se nem pais conseguimos ser aos filhos?
Alguns ensinam a Santidade em cartilhas, imposições
Quando ela deveria ser tão natural em nós quanto o nascimento de uma macieira
Os frutos mais doces advém de quem deixou o Criador regar seu jardim sem ninguém forçar

Repara no terror desses olhos ante a incompreensão dos homens
Nenhum sorriso por você desfilar sua beleza externa e interna ante nós
Pois muitos se viciaram e estão embriagados pela futilidade de corpos nus
Isso realmente é assustador, os homens se entregando ao prazer temporário que nada aproveita

No teatro que eu tenho montado para viver o resto da minha vida atuando nele
Já paguei muitas vezes o papel de trouxa que de graça me deram
Pode estar certa: Não guardei esse papel inútil para uma rainha como você

"Se eu for ligar pro que que vão falar eu não faço nada"
Então, apago a luz, deixa a vida falar por mim e brilhar melhor que todos esses faróis desse mundo

Até sua cara de má é linda, mas prefiro te ver sorrindo comigo, é muito mais gostoso

domingo, 17 de janeiro de 2016

Inverssoneto da Decepção

Quando aqueles relacionamentos que você sempre achou lindos
De repente se espatifam como um cristal diante dos seus olhos
Você percebe que esse nosso mundo está completamente errado



E quando ao invés de conselhos você leva um tapa na cara
De quem um dia você declarou a ela todo seu pobre coração
Em definitivo toda boa fé e todo acreditar está morto e enterrado


Difícil é entender como a vida me conduz
em caminhos da dor e não nos da luz
É tão terrível pensar que não há esperança visível
Só a decepção me mostra que o cadafalso é meu destino irresistível


Se você sabe um modo de anestesiar meu ser
Quiçá possa eu te agradecer
Meu amor é uma espécie de árvore ferida
Será que você pode ser a primeira a quem dar-me-a a doce vida?


sábado, 16 de janeiro de 2016

Pólen Delicado


Maquiagem e Photoshop são bons remédios para egos doentes
Pena que eu sou desses que tenho alergias e contraindicações à manipulações
As crianças podem morrer de fome porque amamentar em público é diabólico
Mas os desfiles de carnaval são abastecidos com todo glamour e dez peitos
Despeito com a lógica, desrespeito com a vida, retardo mental

Seu sonho de consumo pode ser o resumo do que mais desprezo
Nem nas minhas aventuras infantis vestido de "Capitão Folha" encontrei tantos inimigos
Como todos os que consomem minha esperança e desejo de te ver feliz
Ser feliz com seu sorriso como guia, meu desejo ensandecido adormecido
Que deseja muito acordar nos teus braços, serem tua propriedade

Se alguém quer mesmo reclamar desse banquete, que vá até o criador do jantar
Não sei eu se será uma boa ideia, o caldeirão pode sobrar pra você
Esse cacto parece-me as vezes um lugar bom para descansar
Tá tranquilo, tá favorável... os homens gostam de chorar de alegria para coisas tristes
Eu devo ser um alienígena por não aceitar nada disso, espero que você seja do meu planeta, amore

A chuva cai nesse exato instante... falta-me por um relapso meu um abraço aquecedor
Resta-me tentar sintonizar um pouco de alegria nessa rádio de lamentos
Minhas peças de xadrez estão espalhadas num tabuleiro sem casas definidas
"Please, be mine, share my life, stay with me, be my wife"...
Retoca na minha mente todo meu anseio pelo seu carinho perpétuo

As lágrimas de um artista de jazz em um banco sentado a lamuriar-se
Com seu sax tenor ele conquistou a audiência dos boêmios solitários
- Vamos dançar? - ela sussurra com seus lábios deslizando em minha orelha direita
A última valsa desse bar de quinta categoria
Vai que é o início, ou apenas mais um fim qualquer nessa ilusão

Meus dentes imploram por uma mordida na maçã do amor
Não me entenda mal, não venha me censurar sem nem saber do que estou falando
Apenas a doçura mostra-me que sonho não é só aquilo que tem na padaria
Também pode ser como um jardim com tulipas e gardênias perfumadas
Ou pode ser um fixar dos meus olhos no fitar dos teus

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Memorando de momentos que ainda são apenas sonho


Quanto maior a memória, maiores as coleções de frustrações
Quanto maior o conhecimento, maiores as responsabilidades
E o conhecer que mais nos deveria servir de fardo e pensar:
"Só sei que nada sei"

Somos tão pequenos, tão tolos pós e cinzas na imensidão espacial
Mas nossa genial tolice ainda nos quer fazer tronos de vento e fumaça
Assentados no esterco e abrindo enlatados de autossuficiência estragados
Filosofia dos sofistas, ser a medida de todas as coisas
Quando não medimos nem consequências nem nossos atos

A verdade é que não sabemos nem o que queremos
Reclamamos demais da vida, murmuramos demais com tudo
Dizemos que ao nosso redor está infestado de gente podre, imunda, errada
Mas zombamos e ironizamos as pessoas que continuam tentando ser puras
A quem tentamos enganar?
Não conhecemos nem a nós mesmos e queremos determinar o que os outros são

O vale da sombra da morte parece uma cama quentinha pra alguns de nós
Nos conformamos em lanchar no restaurante do Sheol
Consumir nossas misérias sob o perfume agradável das carcaças em decomposição
É divertido apodrecer em nossa cadeira de balanço devorado pelos vermes do conformismo

Cansei de esperar no banco do juiz da incompetência hipócrita
De tentar impor um padrão de perfeição que eu mesmo não pratico
nem mesmo serve pra nada a não ser tornar a todos vitrines vazias

Quando as carapuças já têm donos, a execução é sumária
Mas as vezes ignoramos que somos tão culpados quanto
De esse mundo ser um assassino de amores, de sentimentos
Preferimos levar uma rosa de papelão e um cuspe acumulado nos pulmões
Para o enterro das últimas quimeras, panteras devoram meu cadáver

Ainda há esperança para nós... ou nossos nós nos parecem melhores
Nossas algemas e grilhões que nos impedem de dizer "te amo" pra quem desejamos
Desejos perdidos na gaveta suja aguardando as traças fazerem seu banquete
Poemas amarrotados não deixam as flores nascerem
Mas ainda preferimos nossos sarcófagos, eles são dourados como bijouteria
Não valem nada, mas iludem bem tolos como nós

Estou cansado de descansar na cama feita com os ossos dos que desistiram de tudo
Esse vale não me vale a pena continuar morto e enterrado por aqui
Aquele que crê, mesmo após morto continua vivo e indestrutível
Ninguém será capaz de me deixar incrédulo que o amor ainda brilha no espaço ali à noite
Que os "Cantares de Salomão" não são uma bela peça de teatro irreal
Nem que as ficções da TV e cinema são apenas entorpecentes para sonhadores insandecidos
Eu posso nos tornar reais, mais belo que os recifes de corais
Eu sei que não sou um idiota que todos leem, aplaudem e dizem "bonito, mas besta"
Toda essa besteira faz sentido pra quem entende que precisa voltar ao primeiro amor
Aos tempos da velha inocência que brincar de casinha era um prelúdio do mais puro gesto
E um futuro que ninguém conseguirá destroçar, nem as águas do mar

quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Lábios Confusos, Meus e Teus



Pra ser sincero eu estou cansado de me alegrar com a sorte dos outros
De ter sucesso na vida, ter um bom emprego, banda de renome e namorada linda
Não é inveja, nem tampouco é pouco caso ou descaso com seu sorriso
É apenas a vida me fazendo ter desgosto de tantas abertas e incuradas feridas

O planeta Terra é azul e não há nada que eu possa fazer
Continuo a flutuar na minha lata, sentado, enquanto aí fora tanto espaço
"Não há nada que eu possa fazer", versos dessa canção se repetem como um looping
Como um hino em celebração a meus zilhões, enésimos e trocentos fracassos

Mas os decotes da princesa ao lado são mais importantes para nossos instintos animais
O desejo de ver tudo que se esconde por trás da lingerie virou tão banal
Que na verdade já nem me empolga em algo sério ter com ninguém
As pessoas não percebem o quanto a sua involução em bichos é total

Piscar de olhos, estalar de dedos, o desaparecer das flores, de nós todos
Não importa se você é preto ou branco, ou como eu, morena cor do pecado
"They Don't Care About Us", a maior verdade desses urubus ao meu redor
Gritam demais palavras tão vazias, mudas, completamente conturbado

Tabloides e fofoqueiros de igreja, todos iguais, todos tão estúpidos e fedorentos
Os politiqueiros de plantão estão enlouquecendo a todos nós sem parar
Eu prefiro ser antiquado a tentar desvendar como conquistar e superar seu feminismo
Não sei fingir que sou o que sou, um verdadeiro mestre da esquecida busca do tal amar

Um lugar que não tenha nomes, nem nenhum latifundiário pra reclamar ser dono
Nem sem-terras tentando saquear de nós, é o que quero construir
Em nossos corações fazendas fabulosas que nenhum fazendeiro soube plantar
Que me façam esquecer desses revolucionários do nada que a tudo querem destruir

Quem sabe restaurar meu sono e meus sonhos, desejo de sonhar e ver ser real
O passear dos lábios deixar de ser tão brega pros chiques e politicamente corretos
Hipocrisia e beijos de Judas eu prefiro deixar pra quem merece tais venenos
Eu sei, nós que ainda não extinguimos o amor, estamos verdadeiramente certos

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Ode a Meus Pesares Diários


Os sons confusos com gosto de sangue escorrendo como suor
A música parece se acabar, mas não significa que minha respiração se foi
Faltam-me braços, abraços, enquanto todos estão a ferro e fogo em aço
Não há esperanças... minha cama será só minha, e talvez meu sarcófago
Pessoas se espancam, reclamam demais, impõem o que querem

Sobram apenas três opções:
1.goodbye
2.goodbye
3.goodbye 

O tempo passa, transpassa meu coração para consumo de todos
Pedras são feitas para construir, destroem com elas sonhos e vidas
Sonhei com meu velório, eu enterrei meu desejo de estimação
Mas ninguém compareceu ou deu um pingo ou cuspe de atenção

Zonas de amizade não é o fim do mundo, a não ser que esqueçamos num segundo
que ser amigo não é nenhuma muralha para ser mais que tudo isso
Mas parece que a gente sempre acha como tolos mais divertido procurar
Descansar em lugares que não conhecemos e nem sabemos se valerá

Voltamos para coisas antigas... mas não as melhores
Expondo tudo e mais um pouco e mais do que deveríamos e achamos tudo natural
Não há mais segredos, terras inexploradas, nem tesouros escondidos
Não vale mais a pena beijar esses lábios, todos sabemos bem os grandes ou pequenos
Essa sua escolha te parece liberdade
Prisioneiros da felicidade, droga eterna dos homens

O verão nevando e o inverno mais infernal do planeta
Agressão, Opressão, Repressão, Regressão, Obsessão
Vc tenta ser gentil e vira um belo travesseiro de sonhos alheios
Vc não é tão perfeito, as pessoas olham mais seus erros do que acertos
Vc é um babaca e ainda assim as chances de continuar só e idiota são enormes

...
???
!!!
---
(:-(

Viramos o amigo chato, o falso moralista, machista, retardado

Só faltou meu ser ser de alguma serventia

Um dia falei dos sentimentos, hoje em dia prefiro os colocar no vaso sanitário
Afinal você sempre fez isso mesmo antes de eu pensar em ignorar tudo

Que poema desnecessário... ou você também gosta de se deliciar com meu sofrimento?

As crianças fugiram do jardim de infância e já querem dirigir carros e empresas
Fazem de nós seus brinquedos, falam coisas com coisas com coisa alguma
E se acham os donos da razão, mesmo sem falar nada com relação nenhuma
Correlação dos relatos confusos e difusos dos lugares mais inexistentes
Atores de uma novela ruim, pior que Malhação ou importada do México
"Você poderia ser um herói só por um dia"

Decepção é o nome que está na moda da gata da capa da revista feminina
Se a conta bancária for pequena ela aumenta exponencialmente
Meu desjejum me faz querer passar fome, jejuar de desespero
O café amargo de todas as manhãs e perceber-me prisioneiro do cotidiano
E esse com todo ano é tão previsível, é tão insensível
Quanto aquele vilão de filme, quanto aqueles que usam seus dedos contra mim

O pôster da revista masculina desse mês estampa suas vergonhas
Sem-vergonha, pudor, não enxerga como esse feminismo é contraditório
Sois livres pra ser o que quiser, inclusive ser objeto sexual do prazer de todos
Tá tudo errado e ninguém dá a mínima, preferem dar dinheiro para tapetes líquidos
Em busca de esconder o seu lixo e sua dor no mar etílico dos arrotos ressacados

"Parabéns cara, Deus o abençoe!"
Frase que pra alguns não vale nada, seja por ignorar Deus, seja por ignorar quem deseja
Agora se separa entre verdadeiros e falsos por poucos sinais
Ser joio ou trigo hoje em dia é pura conveniência do momento
Palmas, gritos de "bravo, bravo"!
Que grande ator, atuação genial de um homem usando o nome do Senhor em vão
O terceiro mandamento não vale nada para os que se importam com picuinhas
Um "merda" solto no ar vira motivo de ciscação no galinheiro das loucas
Um ladrão a solta dizendo-se cristão é um "ungido intocável"
"Defensor da moral e dos bons costumes" enquanto a grana valer a pena, sim senhor
Nessas horas, não importa se Deus, Alá, Buda, Zeus ou o Monstro de Espaguete Voador
O que importa é se na caixinha faz plim plim, não o da Globo, mas o da grana

Prometer o céu lindo céu, infinito, é pouco
Somos míopes demais para o enxergar, queremos ídolos aqui mesmo pra nos confortar

No fim desses versos tão atravessados de desgosto por tanta desilusão minha
Acho que ainda sobrou um momento de agradecer ao Senhor pelo sol de um novo dia
O bafo da noite e a remela dos olhos ainda não me permitem ler nem o que escrevo
Mas no fim sei que valerá a pena
Pois tudo o que eu quero é que termine em alguém como você me dizendo
"Eu te amo, seu tolo"

Seria o melhor final, afinal.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Ascenção e Queda do Pó Estrelar Sobre Nós Todos


Ziggy Stardust voltou para os céus, para o planeta de onde ele veio
E deve estar sorrindo dos que aqui ficaram a se lamentar da vida
Aqueles que não quiseram ser um herói nem por um dia sequer
Major Tom viu ele passar com sua nave rumo ao distante Marte
Das cinzas às cinzas, o mundo sentirá falta do Astronauta de Mármore
E aqui embaixo continuam a existir homens vendendo o mundo
Como cães de diamante, lá vão eles ladrarem por aí suas verdades fabricadas

O Superman pediu uma máquina da salvação para escapar da kryptonita
As aranhas marcianas continuam a picar nossas consciências
E Aladdin Sane mandou lembranças ao Starman em sua Tim Machine

Lady Stardust, diga-me que tudo é mentira
E que essa nave não foi embora
E me deixou aqui só, sem o meu amigo Ziggy

sábado, 9 de janeiro de 2016

Revoada dos Desejos


"Não cante vitória muito cedo não, nem leve flores pra cova do inimigo"
Ah, sons do Ceará, Belchior e Fagner, e o Pavão Mysteriozo do Ednardo
Chora o velho rei cansado por ter desperdiçado tanto tempo distante do amar
Esse grão de amor vira um grande amor, um tanto, um tonto, mas tão grande
Sacumé, sei como o tam tam e o ziriguidum do coração não sabe mais parar
Pois se estacionar, o riacho da vida vai desaguar na casa dos pés juntos
Revoada e a Santa Fé continuam a circular nesses céus sem querer migrar daqui
É isso e mais a esperança em fôlegos mais sossegados que me mantém vivo

Mas os bichos de sete cabeças persistem em advir do dionisíaco da humanidade
Destruindo o que de beleza se tenta construir nesse jardim das delícias
Dois rios que correm para nunca afluírem num só, litoral e serra continuam em seu lugar
A cor do som é cinza, o gosto dessa cantoria é tão amargo, cheira à desafino, desatino

E pessoas entram em nossas casas para tumultuar e conversar sobre nós
o que não sabem e o que não lhes interessa saber eles tentam saquear
Alguns vão falar de meus atos com gestos indigestos que jamais gesticulei
Interpretações de um filme da minha vida que causaria vergonha até em mim
Mas que passam longe da realidade e até da ficção, reflexão de espelhos opacos
Não sabem esses seres leprosos não da pele, mas da sensibilidade
Que toda a dor é quase um alívio para quem tanto sofreu em braços traidores
E sabe que um dia Os Braços do Criador me ninarão, e afagos suaves também virão

Num caleidoscópio em que glúteos psicodélicos rebolam e embolam os olhos da carne
Os olhos do espírito choram o sangue dos que dormem na cama e nos lençóis da ilusão
E um retumbante ressoar de sabes-tudo, abestados despejam sua sabedoria ignorante
E depois posam como as vítimas da neo-inquisição que eles mesmos presidem

A canção tem som de bundas batendo palmas no rosto da velha senhora chamada ética
Estética antiética das cirurgias para tentar assimilar uma beleza passageira e brejeira
Que no brejo vai descansar igual ao pó e cinzas de nosso toucinho e bacon humano
Essa feijoada acabará dando uma congestão, na gestão dos dejetos ambulantes da sociedade
Aquele visual turístico nada agradável que vive (ou vegeta) na beira da Rua da Aurora
Em busca de sustento para o vício que tira o ostento de qualquer tento de sua velha belezura
Amargura, não há cura, pois preferimos a eutanásia que bebe todos os dias no nosso riacho
Até não deixar nenhum rastro, só rachos, diachos, capachos do destino que decidimos nos prender

Será que não pensamos um dia só que o Dono do Existir não nos criou pra essa rasa piscina?
Releve minhas pesadas letras e palavras e versos e estrofes, strogonoffs estragados
Meus pêsames, expressão que cansei de pesar e repisar em tantas balanças por aí
Agora quero mais é recomendar a vida, reviver, e ver como é bom contigo conviver

Deve ser
Devo ser
Antes de querência do teu ser
Intersecção, interceder, conceder, merecer você, me merecer, crescer, unir num só ser   

sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

Casinha de Sapê


Você sempre diz "tchau", eu insisto em dizer "olá"
Não sei mais viver preso em mitologias e teatros gregos
Na cripta do críptico ser kryptoniano que veio à Terra
Aterrado pela desumanidade humana que como kryptonita o consumiu

Pessoas que só lembram de nós para pedir favores
Ou vender coisas em tempos de crise financeira e falta de chinela nos pés
Stereofônicos estéreis para ouvir ou doar a si mesmos
Frutos de pés de capim não dão sucos nem sabor para mim

Psicodelia no caleidoscópio desse arco-íris pervertido nos céus cinzentos do pós-moderno
Hipocrisia é o nome do novo LSD
Vingança virou não só normal, virou necessidade, virou anseio de corações atômicos
Quadrofônica claustrofobia em cadeias e grilhões prendem mais de sete bilhões

Viola violando os ouvidos dos sensíveis de coração
Power up, rise up, stand up
Carry on, let it be, take easy
Encorajamentos parecem-me todos em alguma outra língua, não consigo entender nenhum

"São só palavras, e palavras são tudo o que tenho
para conquistar seu coração de novo"
Quem sabe eu consiga, quem sabe os ventos venham da colina
Trazendo seu perfume de rosas e jasmins da velha campina

Tô cansado de incompreensão, depressão e outras ações sem direções
Divisões de poder, dinheiro, divisões de uma mesma fé cristã
Diversões sem nenhum proveito, falsos moralistas e hedonistas irritantes
E toda sorte de gente pagando de ativistas ativando meu tédio por ideologias vazias e inúteis

Eu só quero aquela casinha de sapê que o Hyldon cantou uma vez
Aonde eu poderei jogar as mãos pros céus e agradecer
Porque terei alguém pra comigo estar sempre:
Você

terça-feira, 5 de janeiro de 2016

Melodia Perdida no meu Criado-mudo mais mudo que eu


A verdade é que cada verso meu não passa de um grito de socorro
Cada estrofe o agonizar de minha alma
Cada poema um sussurro de alguém desesperado
Cansado de si, de novas mesmices, de conclusões inconclusas

Jovem Guarda não vivi, mas pareço preso ao passado que nunca foi meu
Talvez isso explica porque sonho com tantos amores que nunca sentiram por mim
Jogo no Google e não encontrei no meu curriculum vitae as melhores experiências
Aquelas que todo mundo tem e eu sem ninguém nem vintém

Corais de vozes em baixo e contralto, parece fúnebre inebriante elegia
Cantatas de surdo-mudos para todos parece minha trova solitária
Em trevas palpitantes aprisionam minha esperança apenas no futuro que só Deus sabe quando
O presente é tão de grego, troianos como eu enterram seus pobres iludidos no jardim das lamentações

Meus anseios viraram receios, incomodado com o comodismo
O medo de ter medo, o medo de não ter medo
O medo do medo de sentir medo de perder o medo de não temer a nada mais
Odeio tudo isso, que vejo no espelho e as vezes além dele também

Outra bela mentira, é verdade, parece minhas realidades em filme hollywoodiano
Queria sentir de novo o cheiro das flores invés do Bom Ar mascarando o odor dos cadáveres na adega
Quero aquela borboleta psicodélica de novo
Quero como Cecília dizer "Não sou feliz nem triste, sou poeta"

Mas antes de poeta sou humano, e mesmo o sofrer sendo opcional
Não sei optar pela fuga do vilão que tortura meu coração a todo vapor
Socorrer-me de mim mesmo, Alfa e Ômega, vem aqui
Raposa saltitante que da armadilha tenta se libertar assim sou

Violão country de Mark Heard desafia meus ouvidos
Uma melodia dos Apaches, grito de guerra ecoando na sala de estar
Meu criado-mudo canta e os males espanta de minha conturbada existência
Perdida cantoria que emudece-me para sentir o melhor de tudo

Os círculos pelos quais caminhei e rodopiei revolucionadamente
em 33 rpm na velha vitrola que um dia minha mãe possuiu
Ainda contém um desejo que ensejo tornar-se mais real que eu mesmo:
All You Need is Love... Love... Love is all you need..

segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Fardo de duas mil e seis toneladas (ou a viagem no tempo no Holandês Voador)


Flutuando contra as ondas e ventos como um Holandês Voador nos sete mares
Permaneço eu
Vendo o tempo passar e repassar entre as ondas debaixo de mim a me sacudir

Escuto uma velha canção dizendo "eu sou feliz no meu viver"
E relembro recordações de um decênio outrora
Quando minhas poesias lembravam meu anseio de ser como menino
E ao mesmo tempo amante
Seis moedas e nenhuma riqueza
O cheio do Leite de Rosas exalando no ar
Minhas cartas de amor de 2002, meu livro romântico de 2005
E até aquelas declarações de 2006
Onde foram parar?
Em 2013 até tentei as emular, mas logo os ventos de 2014 as devoraram

Fardos do último ano que meus poemas eram doces como pasta de confeiteiro
Hoje sinto o azedume adstringente de cada verso vencido
Queria muito voltar àqueles tempos
Mas não sei se o mundo ainda sabe me amar
Não sei se sei ainda amar ninguém, nem a mim
Falta alguém me reensinar tudo de novo

Aquele ano em que minha paixão sofreu seu maior revés
Ainda reflete em todos os reveses seguintes
Revisitar tudo isso dói, mas não sei tirar de mim
O "Sai daqui" de S. O "Não me ama não" de A.
O "Não consigo gostar de você" de S².
O bloqueio da C. A idiotice da M.
Quando a D.M. me deixou de mão depois de tanto carinho jogado fora
E a C². foi capaz de pensar em me cuspir de forma diabólica
Pois bem, do passado e do futuro, nenhuma foi capaz do que você, D., fez
Se prometer a mim e ser capaz de me trair com diversos além
Fardo de duas mil e seis toneladas, dois mil e seis amargo

Nenhum desprezo tenho ou quero por ninguém mais
Tenham piedade de mim, tirem esse fardo maldito
Que o ultrarromantismo, esse mal do século retrasado, tentou instalar em mim
Me façam relembrar de como poemas podem ser a mostra grátis do verbo amar
Quero um novo arrebol que valha a pena e não seja debalde
Quero reconjugar não o verbo julgar
Mas o que me fará dizer
Amo
Você?
Quem sabe, só você mesma deve saber...

sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

Pérola de Grande Valor


Gostaria com toda certeza do universo estar aí com você
Apesar da distância, sinto as vezes que você vive em mim
Basta eu relembrar de tudo de bom que vivemos juntos, mesmo separados
Real presente de Deus na vida de quem sabe o quanto você vale muito
Yes, você me fisgou e não me larga mais, amiga minha
Eis que um dia quero sinceramente te abraçar, cara mia
Linda, bela, simplesmente rara pérola de grande valor
Literal literatura de beleza interna e externa, queria que fosse esse um presente a você
Amiga, percebi que na verdade o verdadeiro presente é você pra mim