Textos poéticos/contos/crônicas todas terças, quintas e sábados... ou quando a inspiração mandar...

sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Quando Entra Setembro

Adeus inverno
Seu frio e sua frieza, até um dia, talvez, ou nunca mais
Agora os raios solares me dão bom dia
Primavera diz "bem-vindo a mim, cravo esquecido no tempo"
Sentir o perfume de sua irmã-amiga-amante rosa
Não mais um declínio da civilização sentimental, nunca mais
O sonho com um novo amanhecer sem mais nuvens negras nem tempestades sem fim
Apenas o arco-íris a informar o pacto divino de que o sol nunca morrerá enquanto vivermos
Guiando-nos para caminhos novos, nosso pólen se espalha no quintal
"Pelo vento se vai seu perfume, espalhando no ar o Seu amor que é espontâneo e comigo se une"

O medo de amar, diria Beto Guedes, é o medo de ser livre
O medo da novidade, de desabrochar e alguém insensato destruir nossas pétalas
É meu medo também, amiga rosa, amada amante
Mas abrace-me, apenas abrace-me
Está na hora de fazermos o mundo voltar a sentir o perfume do amor
Aquele que Adão e Eva sentiram milênios atrás num jardim, aquele emanado de nossos pais
Lá no Éden todos nós vivíamos do amor que vem do Pai Celestial

Não quero mais ouvir de nenhuma criança aquela tola canção
"O cravo brigou com a rosa"
Pois debaixo da sacada tu me curarás as feridas, e eu restaurarei suas pétalas despedaçadas
Com a bênção do Criador vamos renascer num jardim infinito
E os que descreram de nosso renascimento verão na primavera a esperança nos beijar
Regar nossas vidas com o orvalho da manhã
A boa nova dará nos campos de novo
Cantar de novo uma nova canção
A do renovo do perdão, do sol de primavera que nos aqueceu, as mãos do Eterno Deus
Vamos nos reconstruir mais e mais
Abrir as janelas de nossos peitos

Nossos sonhos semeados no vento brotarão sim, dos muitos choros que derramamos 
e talvez inda iremos derramar, eles serão 
os que regarão nossa seara, nossa primavera, Bom Perfume do Cristo
Para quem esqueceu a fragrância do amor poder relembrar e pelos campos pular

quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Do Meu Jeito (Sem Jeitinho)

Alguns tentam de diversas formas conquistar alguém
Difícil dizer quem consegue esse talento, esse presente, dádiva
Os artifícios sempre geniais, planos de ilusionistas
Mas de duvidosos resultados para todos

Às sensíveis alguns prometem a delicadeza
Levam-nas aos paraísos mais ilusórios que uma batida de absinto e LSD podem trazer
Mas no fim, a ressaca, o efeito se vai
E talvez uma overdose de ilusões dá o tom final quando mostram-se torturadores
Mais cruéis do que a Ditadura Militar ou o comunismo Stalinista

Às altruístas alguns prometem cuidar de todos ao redor
Benfeitores tão credíveis quanto os artistas famosos em suas belas campanhas de fim de ano
Mas no fim do feriado, o pano cai, as luzes se apagam
E percebe-se que o mesmo não se preocupa nem consigo mesmo, nem com você
Não respeitando nem sua unha quebrada, quanto mais sua TPM ou seus conflitos pessoais

Às vegetarianas alguns falam renegar até o ovo de codorna do fim de semana
Tão preocupado com animais quanto um cuidador de touros prestes a ir para as arenas de Madri
Mas basta começar o espetáculo e ele pegará sua capa vermelha e sua espada de matador
E vide o quão ele te trata pior do que trata os pobres cachorros de rua
"Pulguenta", "carrapato" e outros "elogios" que não se falam nem com um cão, imagina uma mulher

Às alternativas alguns viram hippies, roqueiros, punks, góticos, emos, o diabo até se possível
O visual é tão carregado que é visível o quão falso é, tal qual bandas encomendadas pela televisão
Mas é só o ibope fracassar, o programa acabar e um troféu carregar
Que o troféu será você, tornando-se pregada numa parede em exposição pública
Mais uma conquista de muitas na carreira desse genial camaleão e sua língua pegajosa e fatal

Às politizadas o mesmo pode tornar-se um ativista político
Combatente tão verídico quanto os tiradores de selfies em manifestações ou os vândalos black blocs
Mas depois das mil curtidas no Instagram, das vidraças quebradas e "mamãe, tô na Globo!"
Percebe-se sua alienação insensata em ignorar suas necessidades de esposa e futura mãe
Devo complementar - mãe SOLTEIRA, isso que será, a não ser que aceite a ideia dele de abortar...

Às cristãs o mesmo vira o maior religioso do universo
Nem Malafaias ou Macedos seriam mais, ainda que tão verdadeiro quanto um manequim de paletó
Mas quando o feijão porventura queimar, o paletó sujo ficar, o quarto com uma misera poeirinha
O demônio será fichinha, pois o fogo do inferno brotará da boca - e talvez até de sua pesada mão
Uma fé inválida, blasfêmia completa, monstruosidade de alguém que suja a palavra amor

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Enquanto passam ao meu lado esses péssimos atores rejeitados para o teatro da vida
Rumo ao seu teatro dos vampiros preparados para sugar sangue e esperança das donzelas da vida
Eu aqui lamento não saber ser um meta-morfo por conveniência para conquistar (ou melhor, iludir)
Eu só tenho como talento eu mesmo, se bastar a você que me lê
Amar esse pobre tolo pelo o que ele é, do meu jeito, sem panos, fantasias ou tentativas de ser o que não sou
Eu imploro que ainda exista alguém que possa parar de jeitinhos de outros - de falas e promessas tão belas quanto políticos nos quarenta e cinco dias de campanha eleitoral
Eu imploro por alguém que possa me amar, ou ao menos experimentar o meu amor que guardo aqui
Não em frascos bonitos, invólucros fantásticos, embalagens tão ilusórias
Mas nesse vaso quebrado e cansado que vos fala e grita pra você "eu te amo, vê se me ama também!"
Sem fantasias, idem...

terça-feira, 20 de setembro de 2016

"De formoso semblante..." (Uma Epístola Simples e Perfumada)

Poesia viva, meus olhos contemplam-te, desejam te ler do início ao fim
Cada estrofe, verso, palavras, letras, cada pedaço de você
Eu admito-me fascinado por completo, não nego
O seu olhar profundo parece me convidar para mergulhar e contemplar sua paisagem
Não há miragens, sei bem

Sua beleza vai além do que um olhar tolo consegue captar
Suas palavras e seus gestos enlouquecem muito mais
Mas a loucura gera criativas genialidades
Principalmente quando nascem de apaixonados fascínios
Como poderia eu descrever isso para você?

Eu sei que pode ser mais um simples sonho absurdo, como tantos que eu tive em 28 anos e tanto
Mas eu nunca consegui ir além de absurdos para poder viver
E absurdamente escrevo esses versos, sei lá porque
Talvez... porque eu me sinto totalmente
Admirado, embasbacado, abestalhado, hipnotizado, não sei, só sei que é por você

E só. E tudo isso. Beijos de quem te quer bem. E quer estar bem perto de você. Também.

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

A jornada de Tolueno e Xileno rumo às sinapses humanas

Pintura e arranjo por Clivson David
Enjoo... talvez
Desespero... certamente
O que te leva a abafar a fome com outra fome?
A morte derramada como grudento e viscoso amarelão
Dentro das narinas, das bocas, faringe e traqueia adentro
Cerebral reação de passividade, apagar de dores e emoções

Meu fígado o transforma em ácido benzoico
Tentando expelir sua existência de dentro de mim
Mas você já invadiu o centro de comando
Você é o novo capitão, o novo pai provedor
Me satisfaz mais do que os beijos de uma dama
Para mim que desconheço cama, você me descansa

E também me domina
Me escraviza tão rápido que eu nem me toquei
Eu te coroei como meu rei, tolamente
Em uma hora você faz meu mundo virar de ponta-cabeça
Ilusões, pirações, cosmo-visões virando pó e essência de cola
Eu viro a sola debaixo dos sapatos da sociedade

Quem me vê nunca me vê
Apenas uma sombra, um caco, um resto, um esterco ambulante, dejeto da marginalidade
Um cuspe enlameado e encharcado de microscópicos estreptococos e virulências
Uma pandemia, um perigo público, demônio a solta, pixote, maloqueiro, pivete, entre outros elogios
"Essas pestes, só presta matando!" é uma frase comum pros meus ouvidos
Solta por mães que decerto não criaram filhos, apenas robôs programados para playboys

Na viagem a qual eu fui paralisado
Sem ser convidado, fui talvez intimado, enfiado, suicidado diariamente
Meus medos materializados ou fantasmagóricos, não sei discernir mais nada
Apenas a bolsa da madame ou o smartphone do tolo muleque ao lado
Mais dinheiro adquirido e jogado não para conseguir nem mesmo um mingau de cachorro sequer
Somente mais uma papa gosmenta e com cheiro nauseabundo

Até o dia infeliz, o dia de hoje
Em que... eu não sei dizer ao certo o que
Mas parece que vai eclodir de dentro de minhas tripas - ou seriam elas tentando sair como vômito?
Quando junto com o amarelo escuro da cola vem um vermelho-sangue salgado e amargo
E você se apercebe enfim que aquela garrafa que eu sorvi em nome do vício e do desespero
Foi apenas o meu primeiro dos futuros muitos, eternos, drinks no inferno...

sábado, 17 de setembro de 2016

Repetições (Partes I e II)

Parte I:
A vida é feita de repetições
Tudo gira e volta ao mesmo ponto
Nada há de novo debaixo do sol
E tudo volta à estaca zero

(Recife, início de outubro de 2009)

Parte II:
Os anos passam, e essa verdade continua
Degradam-se os homens em suas realidades, universos paralelos e redomas sufocantes no vácuo
Pseudo-fés, crenças mais mortíferas que uma overdose de heroína
Dogmas mais alienantes do que viagens em LSD e ecstasy
Certezas mais erradas do que 2 + 2 = 5

Nossa (in)tolerância com os que vivem na escuridão é repugnante
A (in)constância que de constante só possui o prazer de um Jonas de ver Nínive pegando fogo
e todos os ninivitas pegando fogo, e nós com nosso sorriso no rosto
Profana santidade, mórbida imagem beatificada e canonizada de fariseus e saduceus hipócritas

Os que crucificaram no passado,
no presente negam extrema-unção, meio-mastro, um minuto de silêncio, elegias, missas de sétimo dia
Das cinzas às cinzas, do pó ao pó, da lama ao chiqueiro, do caos à terra sem forma e vazia
E no final continuamos voltando a devorar nosso esterco e arrotar camelos dos mosquitos que coamos

(                                     ) <<<< O resultado final de todos é esse conjunto ao lado.

(Olinda, 17 de setembro de 2016, quase sete anos depois, concluído)

sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Flowers in Your Hair

The flowers fall in your hair
And remember me the golden bright of him
My eyes see and my hands would
Caress your golden hair

My little golden flower
You are my monument, my artwork
The bright of your hair says to me

"Come here, caress me"

Olinda, 22/02/2010

quarta-feira, 14 de setembro de 2016

Poesias de 2007

Para algo que está no átrio esquerdo do meu coração.

Como é bom saber que o sol nasceu
As aves no céu cantando uma nova canção
Será que tudo isso é verdade?
Será que não percebo as maravilhas de Deus em nós?
Impossível medir meu sorrir ao ver a luz
Ao caminhar sobre a areia macia da praia
Num instante sonho aquilo que mais sonho um dia dizer
Amo tão-somente a você, meu amor.

Recife, 01/05/2007


Para ver o céu brilhar

Cada vez que abro os meus olhos
A minha mente só vê você
Sonhos acordado, maravilha.
Sinceramente, nunca vi tamanha alegria,
Igual a que me vem no coração
Ao te ver, menina mais legal e linda que vi.
Não sei como não pude perceber antes
A beleza sincera que hoje vejo só em você.

Recife, 01/05/2007

 
Seria eu um astronauta nessa vida?

Seria eu um astronauta nessa vida?
Ou um simples sonhador que ainda não achou nenhum sonho pra sonhar?
Talvez eu seja muito mais que um ser
Bem sei eu que um dia minhas respostas virão
Pois se eu acredito que Deus existe
Não deveria acreditar na existência da verdade e da FELICIDADE?
Pois é exatamente isso
MEU SONHO É A VERDADEIRA FELICIDADE!
Quem sabe se você não possa me ajudar a encontrá-la ou a continuar a sua busca?

Se os meus sonhos não se fizeram reais ainda
se minha vida continua na mesma asneira, nada muda
parece besteira minha, mas sei que essa feira passará
segunda, terça, quarta, quinta, sexta-feira
e o tempo, ele também passará
mas o sonho verdadeiro nunca acabará
basta acreditar, lutar, ter fé em Deus
Saber que impossíveis podem ser possíveis sim
eu acredito, um dia tudo será real
sei que será, basta só eu acreditar.

Tou cansado de seguir os padrões humanos
Fazer tudo porque uns ou outros se agradarão
não tenho que achar ou deixar de achar
ou me perder no que você acha
Eu sou de Deus
e não me importo se você não concorda comigo
desde que eu esteja em concordância com o Senhor
o que acredito vale mais
vale mais que tudo que você quer que eu siga
minhas convicções só são do interesse
único e exclusivo de Deus
pois mesmo que não esteja certo
eu nele vou buscar o que é certo
se você quiser pode fazer o mesmo
buscar em Deus a Verdade
que ninguém pode mudar
que nem regras nem pensamentos humanos
nem modas nem religiões
sem tréguas, sem invenções
sem fugas, sem desculpas
vou louvar ao Senhor como ele quer:
Vem meu Rei, meu Noivo, meu Pai, meu SENHOR e SALVADOR, meu único e suficiente DEUS!!!

Recife, 10/02/2007

(Esses foram provavelmente os últimos poemas escritos por mim nos tempos de faculdade, pelo menos até 2010 possivelmente. Houve um que se chamaria "Pra que tudo isso?", mas resumiu-se ao primeiro verso, "Com certeza as pessoas..." e assim silenciei por anos no talento poético. Por sorte eu pude renascer!)

segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Crazy pras Onze

Skindô-lelê, skindô-lalá...
O que sobrou da beleza da bandeira corroída pelas traças dos corruptores e corrompidos do lado de lá
O verde amarelou, azedou, perigou de não ter mais metal pras moedas dos Judas cunhar
Fora daqui com toda essa mentira bonitinha pros que só acreditam na sua verdade
Inda que eu não teja lá bem certo se verdade tem nessa colcha de retalhos e entulhos

Quero muito, talvez seria o queria ou o quererei, não sei ainda dar a conjugação adequada
(Será que só quis e não mais?)
Cantarolar que "Eu digo não ao não e eu digo É PROIBIDO PROIBIR"
Mas me proibiram de proibir, me proibiram de dizer não a todos os nãos que dizem pra mim
Proibiram o amor de beijar essa boca herege, anarquista e solitária,
- esses lábios ressecados que só se hidratam com as raras lágrimas que sobraram pra rolarem aqui

Ainda ouço suas vaias - melodias aos meus ouvidos em busca da caosfera perfeita de volta
Antes do haja luz, só o Espírito pairava sobre a face das águas, nenhuma carne vã fedorenta
O amor reinava soberano contradizendo o ocultar dos rostos na noite infinda
Antes de tentarmos iluminar sozinhos com nossas lanternas de camelô baratas

Invejo os loucos...
... não precisam prestar contas a ninguém, a não ser - talvez - ao Gardenal que receitarem
mas nem mesmo ele seria suficiente pra aplacar o desejo daqueles que não perderam fé ou esperança
de que o tal de amor ainda pode reinar acima de todos os imbecis que acham-se reis
e que pode ainda assassinar o velho verme que causa desilusão, ódio, rancor e medo

No fim só eles sobrarão
Espero que me ensinem como ficar igualzinho a eles
Nesse mundo onde os sábios só fazem loucuras e cretinices, eu anseio por endoidecer de vez

domingo, 11 de setembro de 2016

Primeira Mente



Fora um espetáculo ensandecido de rosas esmagadas contra rochas da liberdade
Os temores e tremores do chão e das cortinas dos céus cantando com a morte dos falsos messias
Revoluções e reacionários temerão por aí afora atrás de uma saída fácil
Através dos estertores finais de uma agonizante nação de moribundos

Temerei eu a quem, jamais, fora de mim isso, não há nada a temer nunca para mim
Elogios de bandeirolas a meio mastro em forma de elegia aos salvadores da pátria falsificados
Mentiras escorrem como sangue de uma hemorragia fatal em nossos corações
Eis novamente Carlos Drummond perguntando "e agora José?" A festa acabou de novo
Reis, ditadores, presidentes, não temeremos nada, nada afora Ao que governa dos céus

sábado, 10 de setembro de 2016

Poesia do Dia de Sempre

Jeremias o profeta já clamava anos atrás
“Voltem-se ao que eram, tornem para trás”
Mas deixaram pra trás o que valia a pena
O mal em suas vidas foi quem roubou a cena

E hoje temos supostos guerreiros do povo
Mas nenhum veremos certamente de novo
A não ser daqui a quatro anos, quem sabe
A procura de mais gente que os babem

Idolatramos homens e mulheres bissextos
Que quatro anos após voltam-nos aos seus cestos
Lixos é o que eles nos relegam constantemente
Para depois ignorar-nos tão somente

Amor virou uma invenção bonita de poetas tolos
Preferimos agora as rápidas ilusões e seus dolos
Dolorido é relembrar da segunda-feira
E a ressaca de um domingo sem eira nem beira

A carne se desfaz dia após dia em cinza e pó
E por fim voltamos ao estado do eterno “só”
Pois ser irmãos, amigos, namorados, passou
E pra trás quem ficou, não mais se recuperou

Poetas viraram peças de museu do século passado
Morreram como um sonho irrealizado
Preferimos agora aplaudir glúteos ao chão
Rebolando nossa moral até descer à decepção

Será que viveremos assim para toda existência?
Bebendo da taça do vinho da indecência
Até o dia em que a morte pagar o seu salário
Dando fim a toda nossa dívida no santo erário

Uns em cavalos e em carros confiam
Mas no Nome do Santo Deus poucos se fiam
Em nossa estupidez, nem desconfiam
Que nosso manto de conforto as traças desfiam

Nossa intelectualidade nos aprisiona
Numa liberdade de fachadas laicas, patronas
Que na realidade nos faz pensar demais
Crenças viram nada em suas redes sociais

Mas eu creio – sei, corro risco de me deixarem
Falando sozinho pras paredes só me escutarem
Mas eu creio – Não temo a repressão ou razão
Emoções ainda valem a pena para essa criação

Quem sabe você que escuta-me, talvez indolente
Já se canse de uma sociedade pseudo-inocente
E queira se levantar do sofá de conforto
Ver que existe vida além de nosso porto

Clamores lá fora por amor, pão, carinho
Clamores dentro de mim e você, tão sozinho
Satisfaçamos os escravos da fome a mais
Ensinemos de onde vem nossa ininteligível Paz

Escuto os sons de uma avalanche sobre nós
Hora (de) não mais relegar os que sofrem a só “vós”
Erga-se a voz da Justiça dos Céus, inabalável
A qual nenhum homem pode dar, incomparável

Não mais falsos salvadores da pátria jamais
Pois livrar-nos da total miséria nenhum é capaz
Saciar-nos é algo o qual nada aqui poderá
Só o Sangue Santo crucificado assim o fará

O dia de sempre, o dia de hoje, ontem e amanhã
Chuva, sol, não importa, haverá nova manhã
Basta-nos não temer e persistir até o fim
O que virá, não sei, mas será o melhor enfim

A vida não é um jogo, mas poderemos vencer
Se ajudarmo-nos uns aos outros sem esmorecer
Do contrário, nem direita, nem esquerda haverá
Só para trás é o caminho que a gente andará

Saberei no fim que o amor não é findo, não é
Ainda que o intentem matar, estará sempre de pé
E assim me despeço, não sei se aplausos terei
Mas me contento se com meus versos os impactei

No fim, todos, eu sei, dirão em alta voz, eu sei
“Jesus, Tu és o Único Senhor e Rei”
Nenhum outro nos governará, nunca mais
Acredite, não é ainda para nós tarde demais

(Johnnÿ D., Olinda, 05/09/2016, poema apresentado ao vivo no Avalanche Festival de Artes no dia 10/09/2016, na Av. Rio Branco, Recife Antigo, Recife - PE)

sexta-feira, 2 de setembro de 2016

Confissões Malditas I

Chegará o tempo em que a adolescência terminará
O arrependimento das aventuras desventurosas virá
Espero que não seja no dia do encontro com o Criador
Quando o que nos restará será somente eterna dor

Me chama de lixo mais um pouco só
Não sabes como trazes orgasmo a esse homem tão só
Ouvir de lábios tão imundos o que é sua realidade
Direcionar contra mim a sua irônica debilidade

De rimas vãs vivo eu a descrever meu ódio
Encerrar os fãs da minha desgraça no alto do pódio
Alçá-los dependurados gritando por socorro
Enquanto eu, o vulcão do seu pessoal inferno, minha lava neles escorro

Amor divino não deveria ser com dejetos desperdiçado
Mas que posso fazer, se eu, lixo humano, não fui tampouco rejeitado
Mas eu tenho más notícias a respeito de minha pessoa:
Não sei se esse mesmo amor de mim por vocês, rejeitos, assim ressoa


Que me perdoe o Criador das regras desse jogo da vida
Mas não me preocupo de a esses alheios curar nenhuma ferida
Silenciem, parem de falar mesmo comigo, fracos insolentes
Assim asseguram meu aparte de os castrar sem meios comoventes

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Fechadura Quebrada

Provocativas indiretas, diretamente do ninho da estupidez mórbida e escatológica de sua cabecinha de vento
Doida pra me mandar pr'aquele lugar
Fala que não é lixo como eu só mais um pouquinho, fala, pra ver se eu acredito
Na verdade, eu acho verdadeiro, pois possivelmente sou reciclável, já você sequer biodegradável é
Poluição ambulante e catastrófica que fala o que quer, ouve o que não quer e chora como criancinha que perdeu o doce

Eu poderia dizer que sinto pena de você, mas penas não se desperdiçam para travesseiros estragados
Não nutro remorso, arrependimento nem temor por sua chateação, não perderei a salvação por falta de seu imbecil perdão
Até porque o meu você jamais imploraria mesmo, por cada imbecilidade que você como galinha defecou enquanto cacarejava sobre seu poleiro

À corja de imbecis que vierem porventura te defender, meu sincero e humilde danem-se
Eu não devo nada a vocês e se deveras preferem proteger sua dama de ouros
Temo que nela descubram que é um ouro de tolos.