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terça-feira, 5 de setembro de 2017

O Cabrum


Cabrum
Há quem diga que tudo começou de um
Alto, claro, no vácuo vazio infindo
Não sei se assim procedeu, mas que tudo foi como uma explosão de vida, ah se foi

O cabrum do coração no útero materno
Anunciando que nova vida vem
Será mais um que nascerá já com uma "bênção" sem ser sua culpa?
Ou mais um que nasce pra liberdade e crescerá para morrer crucificado pelo sistema?

Em cabrum terminam-se relacionamentos por vezes
Desfaz-se as amizades, em especial as tão atualmente virtuais
Quando o embate, diferenças irreconciliáveis pelo muro do orgulho mútuo estúpido
Capaz de afastar até quem mal se conheceu num match desastrado de um Tinder

O cabrum de uma pistola, um revólver, uma AR-15 ou uma shotgun
Em cheio causa um cabrum no ziriguidum turuntuntum cardíaco humano ou animal
Violentamente encerrando a orquestra sinfônica de mais uma vida
Por todos os motivos do universo que se resumem à palavra "injustificável"

O cabrum é um som desafinado teleguiado
Que em fusão nuclear desfaz-nos em partículas subatômicas
Um presente de grego de coreanos, russos, hindus, paquistaneses ou estadunidenses
Qual remetente nos trará essa carta-bomba para nossa caixa postal?

Cabrum
Há quem diga
que tudo terminará em um
Cabrum

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O cabrum tenta calar o amor, silenciar nossos poemas
Mas ainda que consuma-nos como as rosas de Hiroshima e Nagazaki
Nosso perfume de alguém que ama de verdade não se extinguirá jamais
Num mundo que restarem somente baratas e escorpiões, os que amaram não morrerão completamente

"No mundo, em cada face
Há ansiedade, uma grande expectação
O que virá?"

(S8 - O Que Virá!)

Homenagem aos poemas "A Bomba" e "A Flor e a Náusea" de Carlos Drummond de Andrade e "Rosa de Hiroshima" de Vinicius de Morais. Alguns trechos extraídos de "Até Quando Esperar?" de Plebe Rude, "Crucificados pelo Sistema" de Ratos de Porão e "Erupção" de Catedral.

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